terça-feira, novembro 08, 2005

A terra onde parava o autocarro...

A terra onde parava o autocarro tem visões turvas da vida.
Ainda assim consigo ver uma cara, ainda tão atraente... ainda tão proeminente...

- Posso-me rir? É que sabes que isto da vida tem piada.

Tiro um retrato instantâneo que propositadamente acabo por deitar fora não percebendo que ainda carrego comigo uma mala cheia de memórias que me perseguem.

- Posso chorar? É que sabes que isto da vida é algo triste.

Hoje não deixo que lágrimas se sobreponham pois as palavras já me falharam outrora.
Procuro a paixão no autocarro em que entro, nas caras estranhas... com sons de fundo...

- Posso entrar? É que sabes que isto da vida é algo com muita inércia.

- Entra, mas tem cuidado que o autocarro está todo desarrumado cheio de paixão espalhada pelo chão, não a pises que a podes partir e não andes descalça que te podes magoar.

Quase a partir e a terra fica de novo em paz, paz, outra palavra para dizer que já não existe nada para amar.

- Posso continuar? É que sabes que o calor se esvai quando o autocarro arrancar.