Sentimentos
O seguinte poema, realça de forma notória aquilo a que podemos chamar a "teoria geral do sentimento". Este é para todos os meus amigos, especialmente para aqueles que, partilharam comigo a sua vida num país distante. (Voçês sabem quem)
"Conheci tipos que viveram muito.
Estão mortos, quase todos: de suicídio, de cansaço,
de álcool, da obrigação de viver
que os consumia. Que ficou de suas vidas?
Que mulheres os lembram com a nostalgia de um abraço?
Que amigos falam ainda, por vezes, para o lado, como se eles estivessem à sua beira?
No entanto, invejo-os. Acompanhei-os
em noites de bares e insônia até ao fundo
da madrugada; despejei o fundo dos seus copos,
onde só os restos de vinho manchavam
o vidro; respirei o fumo dessas salas onde as suas
vozes se amontoavam como cadeiras num fim
de festa. Vi-os partir, um a um, na secura
das despedidas.
E ouvi os queixumes dessas a quem
roubaram a vida. Recolhi as suas palavras em versos
feitos de lágrimas e silêncios. Encostei-me
à palidez dos seus rostos, perguntando por eles - os
amantes luminosos da noite. O sol limpava-lhes
as olheiras; uma saudade marítima caía-lhes
dos ombros nus. Amei-as sem nada lhes dizer - nem do amor,
nem do destino desses que elas amaram.
Conheci tipos que viveram muito - os
que nunca souberam nada da própria vida."
Nuno Júdice
Lógico que não são voçês os que nunca souberam nada da própria vida mas sim os que viveram muito...
"Conheci tipos que viveram muito.
Estão mortos, quase todos: de suicídio, de cansaço,
de álcool, da obrigação de viver
que os consumia. Que ficou de suas vidas?
Que mulheres os lembram com a nostalgia de um abraço?
Que amigos falam ainda, por vezes, para o lado, como se eles estivessem à sua beira?
No entanto, invejo-os. Acompanhei-os
em noites de bares e insônia até ao fundo
da madrugada; despejei o fundo dos seus copos,
onde só os restos de vinho manchavam
o vidro; respirei o fumo dessas salas onde as suas
vozes se amontoavam como cadeiras num fim
de festa. Vi-os partir, um a um, na secura
das despedidas.
E ouvi os queixumes dessas a quem
roubaram a vida. Recolhi as suas palavras em versos
feitos de lágrimas e silêncios. Encostei-me
à palidez dos seus rostos, perguntando por eles - os
amantes luminosos da noite. O sol limpava-lhes
as olheiras; uma saudade marítima caía-lhes
dos ombros nus. Amei-as sem nada lhes dizer - nem do amor,
nem do destino desses que elas amaram.
Conheci tipos que viveram muito - os
que nunca souberam nada da própria vida."
Nuno Júdice
Lógico que não são voçês os que nunca souberam nada da própria vida mas sim os que viveram muito...
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